Analisadores da Biomecânica da Córnea para Cirurgia Refrativa

 Ocular Response Analyzer – ORA

O Ocular Response Analyzer – ORA é um equipamento que utiliza um tonômetro de não-contato para medir a pressão intraocular, de forma dinâmica.

A pressão é medida através de um jato de ar aplicado à córnea, com duração de 20 milisegundos.

Quando o ORA libera o sopro de ar para a córnea, o ar aplana a córnea para dentro e indenta o seu tecido. No momento dessa aplanação, a luz infravermelha refletida pela córnea se alinha com o detector do equipamento, que registra o primeiro pico do sinal do ORA, que corresponde à pressão de aplanação da córnea para dentro (P1).

À medida que o equipamento continua a direcionar o ar para o olho, a córnea fica côncava, dispersa a luz e o sinal de aplanação diminui.

Quando o pulso de ar é descontinuado, a córnea tende a voltar para sua posição normal e neste retorno, passa pelo segundo momento, o da aplanação para fora, sendo registrado o segundo pico do sinal do ORA, que corresponde à pressão de aplanação da córnea para fora (P2).

No final do exame, a córnea retorna para o seu formato côncavo original.

O exame do ORA fornece medidas úteis para o estudo do Glaucoma que são a Pressão Intraocular correlacionada com o Tonômetro de Goldmann (PIOG) e a Pressão Intraocular Compensada  (PIOCC), que é uma estimativa da PIO corrigida pelas propriedades biomecânicas da córnea.

Para o estudo da córnea, o ORA analisa as habilidades biomecânicas da córnea, informando a medida da Histerese Corneal (CH) e do Fator de Resistência Corneal (CRF).

 Histerese Corneal

A palavra histerese refere-se à tendência de um sistema de conservar suas propriedades na ausência de um estímulo que as gerou e pode ser medida pela absorção e/ou dissipação de energia durante um ciclo de deformação e recuperação deste sistema.

No exame de ORA, a Histerese Corneal (CH) é resultante da diferença das pressões P1 e P2, correspondendo à habilidade amortecedora viscoelástica da córnea.

 Fator de Resistência Corneal – CRF

Essa medida do ORA é derivada de um cálculo mais complexo da relação de P1 e P2 e da espessura corneal central e representa a habilidade da resistência viscoelástica total da córnea.

O valor médio da Histerese Corneal (CH) em olhos normais é, em torno de, 10 mmHg enquanto pacientes com ceratocone apresentam valores menores de Histerese Corneal.

O valor médio do Fator de Resitência Corneal (CRF) em olhos normais é, em torno de, 11 mmHg enquanto pacientes com ceratocone apresentam valores menores do Fator de Resistência Corneal.

O comportamento biomecânico da córnea em resposta à pressão exercida pelo sopro de ar é capturado pelo equipamento, que analisa os picos da aplanação para dentro e para fora, para elaborar o gráfico do exame.

O gráfico do exame de ORA, portanto, apresenta as curvas do comportamento da córnea, fornecendo os valores da pressão intraocular e das medidas das habilidades biomecânicas da córnea.

Como podemos observar, existe diferença entre as curvas dos gráficos do ORA de córneas normais e de córneas anormais, com medidas distintas da Histerese e do Fator de Resistência.

Corvis

O Corvis é um equipamento que utiliza um tonômetro de não-contato associado à uma câmara de Scheimpflug.

Enquanto o tonômetro de não-contato mede a pressão intraocular, de forma dinâmica, através de um jato de ar aplicado à córnea, a câmara de Scheimpflug avalia, dinamicamente, a espessura da córnea e mostra o vídeo da deformação da córnea decorrente do pulso de ar, com as imagens da primeira e segunda aplanações da córnea.

Recentemente Dr. Vinciguerra e colaboradores desenvolveram o Índice Biomecânico Corvis (CBI), baseado em diferentes parâmetros da resposta dinâmica corneal, mostrando que o índice é altamente sensível e específico para separar as córneas normais e as com ceratocone.

As pesquisas constantes na área da Biomecânica da Córnea têm permitido muitos avanços para o entendimento do comportamento das córneas normais e com ceratocone.